Me perdôo

Minha dor não é por uma paixão vivida que chega ao fim.
Amar e se entregar é uma das poucas coisas possíveis a se fazer nessa pequena estadia aqui.
O que me entristece é ter entrado de cabeça numa via de mão única
Não espero nada do outro
Desde o início aprendi que ele não é suficiente
Que ele nada responde ou acolhe por inteiro.
O problema do amor é a armadilha do esperar um pouco desse outro
É jogar-se por inteira sendo sempre metade.

Minha dor não é por amar, sorrir e recordar
Ela se dá no não mais ter
Não mais ser com aquele amado.
Na experiência parece desolador investir em tamanho perigo novamente
Na vida vivida, não o fazer implica para sempre restar como via de mão única numa estrada sem fim.

Minha dor é ainda ter que caminhar sem rumo certo aonde chegar
E cheia de espaços a habitar,
descansar,
tapar,
deixar para lá.

Comentários

Postagens mais visitadas