Ela
Já era tarde. Vento forte na janela, levanto-me para fechá-la e a vejo, olhos fundos, de um brilho intenso, parecia sorrir para mim. Não consegui entender, mas senti como se todos os problemas esvaíssem de mim, naquele instante eu era feliz.
Ela me chamou, pegou minha mão levemente, senti um frio intenso, soltei-me, ela abaixou a cabeça como que pedindo desculpas e logo me olhou novamente, estendeu-me a mão mais uma vez, quis resistir, mas sentia-me muito segura ao seu lado, o braço comprido e esquálido em minha direção, toquei-a e dessa vez ouvi imediatamente o mar. Era como se as ondas me abraçassem e tudo estava esquecido, sentia aconchego. Subi no parapeito de minha janela, confesso, nem me dei conta do que acontecia. Ela me abraçou e saltamos juntas, como um grande amor que finalmente se reencontra.
Depois não lembro, parecia ave a voar. Rápida tomei meu rumo, já era tarde e o vento forte agora não passava de brisa rasa, perdi-a de vista, então saí a procurar um novo amor assim para abraçar.
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