A casa de pequenos cubinhos - La Maison en Petits Cubes (2008)




Curta-metragem que conta uma história linda de uma cidade submersa. É, através da vida de um senhor, já com certa idade, que mergulhamos numa cidade onde o tempo passou enchendo de água esse local que ainda busca sobreviver, mas cada vez isso se torna mais difícil, aos poucos seus moradores foram desistindo de sempre terem de construir casa sobre casa. Ao ponto de chegarem a parecer castelos submergidos. 
Um homem que vivia sozinho, numa casa simples, com poucas coisas que diziam de si a não ser pelo seu cachimbo, é o centro dessa narrativa. Um dia quando acordou, ele se deu conta de que novamente a água subia, passou então a construir um novo cômodo acima da casa e ao tentar mover suas coisas para esse novo andar seu cachimbo caiu e afundou nas águas indo diretamente para o cômodo anterior, todo casa possuía um alçapão que dava acesso ao que havia existido antes, no vão submerso.
Ao descer à procura do seu cachimbo suas memórias vão se fazendo visíveis e sua vida vai sendo contada até chegarmos à primeira casa, construída para abrigar um casal recém casado e apaixonado. A história de como a vida vai mudando e se fazendo transformar a partir da chegada dos filhos, saídas dos mesmos, vida adulta, velhice e morte numa correlação com o movimento das águas, o trabalho de se transformar, sem às vezes nem notar, por não sair do lugar e ir construindo um cômodo sobre o outro esquecendo da vida que está passando é um metáfora muito forte, potente.

Clica na imagem pra aumentar. Trecho retirado da internet disponível no livro.

Esse curta me marcou muito, pela sensibilidade de contar essa história, com um traço tão bonito, inspirado em um livro, que agora o procuro incessantemente pois adoro uma boa animação e assim como Os fantásticos livros voadores do Sr Morrison, livro que amo e perdi, não quero que isso venha a acontecer com este se um dia achar. A história me tocou por dizer de algo tão próximo de mim, me apresentar o instante das travessias das mudanças e ser alerta para não perder a vida, o tempo, que passa tão rápido.
Tem uma luz muito bonita, uma fotografia bem bela, me lembrou em alguns momentos As bicicletas de Belleville, apesar de ter consciência que eles se basearam em processos muito distintos para fazer os traços. Ele está disponível no Netflix, mas também é só dá o play aqui embaixo que dá pra assistir quantas vezes quiser.
Um bom filme para se discutir sobre memória, amor e pulsão de vida apesar dos vazios.








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