O caderno rosa de Lori Lamby


O caderno rosa de Lori Lamby de Hilda Hilst é uma obra de 1990 e faz parte da chamada Tretalogia Obscena da autora. O texto de Hilda causou e ainda causa muito furor nas pessoas que nunca tiveram contato com a autora ou que não tem intimidade com uma escrita que possa vir a desafiar o leitor, não pela dificuldade gramatical do texto, mas pelo enredo em si, pelo tipo de história que essa obra contém. O caderno rosa da menina Lori Lamby, que tem oito anos, é quase todo escrito em forma de diário (mas ao longo do texto também aparecem fábulas, cartas, contos, etc) que essa criança vai desenvolvendo sem uma data certa marcada, mas a partir de acontecimentos em sua vida. Lori fala sobre a descoberta dos prazeres do corpo e como é, a partir disso, que ela ganha dinheiro. Aparentemente, tudo ocorre com o consentimento da mãe e do pai. É isso mesmo, a história gira em torno do relato de Lori sobre os homens que passam por sua vida e vão descortinando para ela toda a sua relação com sexualidade, desejo e amor. 
Este livro de Hilda alcançou seu objetivo primeiro que era o de ser lida. Sem dúvidas, pôs o nome da escritora no mapa, não necessariamente a contento de todos, mas ocorreu. O caderno foi o primeiro de uma tetralogia que tinha como intuito maior ganhar o mercado editorial. Segundo Hilda era pornografia que o povo queria então assim ela direcionou esse período da sua literatura. Inclusive no próprio livro tem diversas referências à Rainha dos baixinhos, que ela discretamente muda a escrita para Xoxa. Fazendo uma crítica já que a menina gostava de ter dinheiro também para poder comprar todas as coisas da Xoxa que passava na tevê.
A história de Lori Lamby diz muito do universo da própria Hilda, ela traz um pai para personagem que também é um escritor, mas que não é reconhecido pelo seu trabalho e que desesperadamente quer fazer sucesso, ser lido, ser validado no mercado editorial. Assim, ele está a tentar escrever um livro onde a questão pornográfica também aparece e isso é centralmente o ponto de conversa entre pai e filha, mesmo que apareça apenas nas anotações de Lori em seu caderno rosa. Caderno do qual descreve em detalhes suas aventuras sexuais, a maravilha que é sentir prazer e que todas as pessoas deveriam sentir isso o tempo inteiro. Entre os personagens que passam pela vida de Lori, Abel (o tio Abel) acaba se tornando o homem no qual ela tem mais história e afeto para contar. E é no desenrolar desse afeto que outras questões vão sendo desveladas na vida dessa personagem. Para não entregar totalmente a leitura posso apenas dizer que o desenrolar da história traz o que acredito ser peça chave nesse livro, não apenas passar por nossos pudores e/ou constrangimentos, mas lidar com o fascínio e mesmo sentimentos que podem advir desse texto. Ler o caderno rosa é lidar com algo muito primevo do indivíduo e tentar entendê-lo para além da crítica apenas, obviamente que o espanto do início imediatamente leva a isso, mas o desfecho nos faz uma reviravolta importante no conteúdo como um todo. 

Comentários

balidynquercia disse…
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