Daytripper - Fábio Moon e Gabriel Bá



Essa HQ foi durante boa parte de 2013 meu sonho de consumo. Finalmente, no início desse ano consegui adquirí-la, numa mega promoção da Saraiva (acho que ela cavucou o estoque e achou uns exemplares por lá). Bem, já existem muitas resenhas acerca do Daytripper, principalmente na época em que ele saiu, mas vou tentar ser mais pessoal na minha crítica e falar do sentimento que foi ler essas bem escritas e aquareladas 258 páginas.

Daytripper foi inicialmente publicada em 2010 com as histórias em separado e sendo mensalmente rodadas. A HQ conta a história de Brás de Oliva Domingos e sua trajetória em vida para se tornar um escritor. A cada capítulo (num total de 10) a vida de Brás escorre pelas suas mãos ou a do acaso em diversos períodos de sua vida, como quando aparece um Brás criança de 11 anos, ou um jovem adulto de 32 anos, preso a um trabalho miserável, um Brás jovem começando a vida e até um Brás pai, tal qual o seu, sem perceber a sutileza como isso se deu.

"Não é estranho como nos lembramos das coisas mais triviais do nosso cotidiano e, ainda assim, constantemente nos esquecemos das coisas mais importantes?!"


O mais comovente da história é que, como dito ao final pelos próprios autores, sentimos um pouco do Brás real, ele toca quem lê sua história, porque é uma história possível, comum à todos, é uma história da vida.


"Com o pé calcado na realidade, o mais difícil não seria criar algo que PARECESSE real. Não, o difícil foi criar um mundo que você SENTISSE ser real. Cada referência, cada foto, cada cor e cada personagem, tudo foi construído de forma a reproduzir sentimentos. A sensação de que você está vivo, alegre, solitário, amedrontado ou apaixonado. Queríamos aquela sensação de que a vida está acontecendo aqui, bem à nossa frente, e a estamos vivendo.  E como vivemos. E às vezes morremos para provar que vivemos. Fabio Moon - São Paulo, novembro de 2010."






Uma curiosidade: tenho quase certeza que o traço do Brás foi inspirado no Chico Buarque! Sério mesmo, é de uma semelhança extrema e sei lá se for é uma homenagem e tanto, se não for não tem problema, pra mim fez todo o sentido. Olhem só!



(e ainda dá pra ter uma noção dos diversos idiomas
em que a HQ foi publicada)





No entanto, o instigante dessa história é que ela poderia até ser um livro comum, literário. Já que o roteiro é belamente escrito e a história é cativante por si só, mas ao mesmo tempo são as cores que levam a fantasia para uma outra dimensão. Outro olhar. Quase como pegar no Brás e ir junto, se ver junto dele nessa multidão do mundo. Nos sucessos, nos fracassos, nas dores e alegrias. Todos morremos todos os dias em cada nova escolha, mas é essa marca de vida da morte diária que finca o lugar do desejo de continuação e das possibilidades aparentes, ou não, para cada um de nós. O colorido que a vida nem sempre tem está belamente pintado por esses dois. Obrigada ao Fábio Moon e ao Gabriel Bá por uma história bela e eternizada para além das páginas de uma HQ. 

Recomendadíssima! Ainda é possível achar na Saraiva online.

Daytripper, é uma daquelas histórias já eternizadas como as do bom e velho Will Eisner (por sinal, foi um dos prêmios cotados para Daytripper), ou como as de Gaiman e, tantos outros, que fizeram seus desenhos ganharem vida!




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