O livro das ignorãças - Manoel de Barros

2.5
Ando muito completo de vazios. 
Meu órgão de morrer me predomina. 
Estou sem eternidades. 
Não posso mais saber quando amanheço ontem. 
Está rengo de mim o amanhecer. 
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha. 
Atrás do ocaso fervem os insetos. 
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu 
destino. Essas coisas me mudam para cisco. 
A minha independência tem algemas. 

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