2014, pra não dizer que não falei das flores.
Que ano!Um grande ano eu diria. Não por isso, significa que foi um bom ano, mas sim, que apesar das dificuldades, saio de 2014 sabendo um pouco mais de mim, das minhas fraquezas e tristezas internas, mas também das minhas alegrias e forças, algumas que nem julgava ter.
Foi um ano em que amei demais e, por consequência, como diz a poesia, 'o que eu sofri por causa de amor ninguém sofreu'. Me descobri só amor, transbordando da forma mais simples que ele pode ser, até o momento em que ele se sentiu só de andar pelo mundo, pela vida e quartos alheios e não encontrar 'um igual' a volta. Por ele ser verdadeiro, tentou até o fim, hoje, está caladinho em mim, só esperando um ou dois curativos pra depois entrar de volta no jogo e se estabanar.
Aprendi que a força que tenho em mim deriva de ancestrais antigos que tiveram inclusive a coragem para não continuar. É, a vida é difícil, meu amigo, mas ela tem uma beleza que não troco por nada. Como dizia o poeta, "a vida é uma só, duas mesmo que é bom, ninguém vai me dizer que tem, sem provar muito bem provado". Tenho força de Woolf, de Florbela, de Joyce. Tenho forças machadianas até, mas principalmente força de pai e mãe, que me mostraram possibilidades sem fim e um amor desses que não cessa de existir.
Foi um ano de redescobertas internas, de criar coragem pra dizer "Sim, é isso que gosto de fazer. É isso que SEI fazer e é por aqui que eu vou!" E lá vou eu, entrando 2015 devagarinho, cheia de vontade novamente, de aprender, de errar, de tentar... Fazia tempo que não sonhava e talvez por ter passado tanto tempo ao lado de gente que esqueceu o que era isso, me lembrava arduamente de não desistir de mim. Desistir é mais simples, talvez não seja fácil, mas traz o conforto de não pensar nos outros, de só ver a si.
No meio tempo fiz novas amizades - no meio da rua, embaixo da chuva, entre o sonho e o som, realinhei antigas, perdi outras tantas e não sinto falta dessas. Lembrando do amor, talvez esse seja o mais bonito, compartilhado, que espera e deseja o melhor, colocando o outro e seus problemas muitas vezes em primeiro plano, parando a correria do sistema e lembrando de ser...humano.
Se teve algo ruim de 2014 foi o simples fato de que no momento o machucado dói, é preciso costurar, passar um merthiolate e tudo parece sem fim. Mas depois vira cicatriz, marcada na pele pra toda vida, rememorando a lembrança das dores e alegrias. Lembrando que cair dói, mas levantar, levantar não tem preço.. Um mergulho no mar e tudo é possível novamente: o amor, a queda, a dor, a cicatriz, a lembrança.
Que venha 2015, menos turbulento talvez. Que seja sobre a colheita dessas quedas, o tempo de sarar as feridas. Sobres novos encontros diários. E com banhos constantes de mar, nesse mar que há em nós, navegue em águas cristalinas de paciência e processo contínuo. Não sou 'uma nova pessoa', ainda estou me descobrindo e isso sim, me torna infinitamente possível em mim.
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