Da necessidade de se viver em pares - Da série "Ensaio de uma Crônica Anunciada"
Saindo agora a pouco de uma conversa amistosamente bélica sobre relações, me deparei com a facilidade com que a experiencia nos faz mudar de lente sobre o mundo e ao mesmo tempo, como certos questionamentos se tornam intransponíveis ao tempo, ao outro.
Por vezes me pego pensando que o tempo investido na minha última relação amorosa, não parece condizente com a alegria que foi vivênciá-la. Por ter nascido de um conflito, ela nunca se livrou do peso disso. Por ter me omitido desde o início quanto ao meu querer dentro daquele espaço, também fui caminhando com o tempo, contra ele. E quando me vi minimamente feliz dentro de um "padrão x" me dei conta que havia sido o padrão estipulado pelo outro da impossibilidade. Apesar de na maior parte do tempo nos darmos bem dentro dele.
Talvez por ter sido algo com alguém um tanto mais vivido a novidade se mostrava para nós e nos afetava de maneira distinta. Eu traçava estórias e ele já não mais as contava. Ou melhor, ele só recontava o que já havia vivido. E nesse momento, resta duas situações, continuar aceitando o mínimo e se desfazendo daquela ideia que já se tinha só pra não perder aquele outro. Ou dificilmente ir se despedindo. Por um lado, a racionalidade feroz de uma das partes ajudou a decisão ser tomada mais rápida e enfatizada como única opção. Talvez por não haver um embebedamento romântico, como o que eu possuía ajudou. E como eu gostaria de não estar nessa embriaguez, mas acredito que sei do meu vício, não tinha como escapar.
Não acho que colocar como castigo ou desgraça caiba, apesar de em um primeiro momento me pegar nessa posição. Mas era muito mais de conflito comigo, pelo que me fiz calar e aceitar, sabendo hoje, mas também antes, que era algo que me machucava e atacava. O interessante é saber, pela memória que fica, é que diferente de gritar aos quatro ventos que queria apagar isso do meu hardware, lembrando o filme do Michel Gondry, Brilho eterno de uma mente sem lembranças, é que exatamente não adiantaria, pois no momento seguinte a ter apagado os três últimos anos de minha vida, imediatamente se entrasse em contato com o mesmo rapaz me apaixonaria da mesma forma, na mesma intensidade.
O ruim de certa 'lógica" relacional é que ela tende a necessidade daquilo que o sujeito acredita e sustenta de si. Hoje, o que penso que me ajudou toda a volta, é que em algum ponto percebi que desejo um outro, tenho a necessidade de viver em par, lembrando também Valter Hugo Mae e suas infinitas novas formas de amar o amor, mas não necessariamente com um mesmo único outro eterno e nem que eu me perca dentro dessa relação, que deveria agregar alegrias, partilhas e companheirismos, muito mais do que amedrontá-los.
A experiência da não reciprocidade, da tentativa que só vai até um ponto, ela machuca porque nos faz desconfiarmos de nós mesmos dentro da possibilidade da partilha. Ao mesmo tempo que pode ajudar no empoderamento e virada de lente para aquilo mesmo que sustentaria aquele desejo.
O que eu sei de mim, em parte eu devo ao outro, somos o que somos, porque negamos algo e nos aproximamos de outro. " Um traço é sempre vertical. Isso é sempre verdade, quando não há traço". Afirmamos diante da diferença, algo existe de determinada forma, porque antes foi preconizado outra coisa diversa.
Como nas relações amorosas não é possível tanta lógica. Quando ela predomina desconfia-se, não do sentimento, mas da implicação do outro em jogar-se. Pode até haver 9 casamentos, mas 'que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure'. A meu ver, com tudo que isso implica: as diferenças, o companheirismo, o carinho, as brigas, o amor..
Por vezes me pego pensando que o tempo investido na minha última relação amorosa, não parece condizente com a alegria que foi vivênciá-la. Por ter nascido de um conflito, ela nunca se livrou do peso disso. Por ter me omitido desde o início quanto ao meu querer dentro daquele espaço, também fui caminhando com o tempo, contra ele. E quando me vi minimamente feliz dentro de um "padrão x" me dei conta que havia sido o padrão estipulado pelo outro da impossibilidade. Apesar de na maior parte do tempo nos darmos bem dentro dele.
Talvez por ter sido algo com alguém um tanto mais vivido a novidade se mostrava para nós e nos afetava de maneira distinta. Eu traçava estórias e ele já não mais as contava. Ou melhor, ele só recontava o que já havia vivido. E nesse momento, resta duas situações, continuar aceitando o mínimo e se desfazendo daquela ideia que já se tinha só pra não perder aquele outro. Ou dificilmente ir se despedindo. Por um lado, a racionalidade feroz de uma das partes ajudou a decisão ser tomada mais rápida e enfatizada como única opção. Talvez por não haver um embebedamento romântico, como o que eu possuía ajudou. E como eu gostaria de não estar nessa embriaguez, mas acredito que sei do meu vício, não tinha como escapar.
Não acho que colocar como castigo ou desgraça caiba, apesar de em um primeiro momento me pegar nessa posição. Mas era muito mais de conflito comigo, pelo que me fiz calar e aceitar, sabendo hoje, mas também antes, que era algo que me machucava e atacava. O interessante é saber, pela memória que fica, é que diferente de gritar aos quatro ventos que queria apagar isso do meu hardware, lembrando o filme do Michel Gondry, Brilho eterno de uma mente sem lembranças, é que exatamente não adiantaria, pois no momento seguinte a ter apagado os três últimos anos de minha vida, imediatamente se entrasse em contato com o mesmo rapaz me apaixonaria da mesma forma, na mesma intensidade.
O ruim de certa 'lógica" relacional é que ela tende a necessidade daquilo que o sujeito acredita e sustenta de si. Hoje, o que penso que me ajudou toda a volta, é que em algum ponto percebi que desejo um outro, tenho a necessidade de viver em par, lembrando também Valter Hugo Mae e suas infinitas novas formas de amar o amor, mas não necessariamente com um mesmo único outro eterno e nem que eu me perca dentro dessa relação, que deveria agregar alegrias, partilhas e companheirismos, muito mais do que amedrontá-los.
A experiência da não reciprocidade, da tentativa que só vai até um ponto, ela machuca porque nos faz desconfiarmos de nós mesmos dentro da possibilidade da partilha. Ao mesmo tempo que pode ajudar no empoderamento e virada de lente para aquilo mesmo que sustentaria aquele desejo.
O que eu sei de mim, em parte eu devo ao outro, somos o que somos, porque negamos algo e nos aproximamos de outro. " Um traço é sempre vertical. Isso é sempre verdade, quando não há traço". Afirmamos diante da diferença, algo existe de determinada forma, porque antes foi preconizado outra coisa diversa.
Como nas relações amorosas não é possível tanta lógica. Quando ela predomina desconfia-se, não do sentimento, mas da implicação do outro em jogar-se. Pode até haver 9 casamentos, mas 'que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure'. A meu ver, com tudo que isso implica: as diferenças, o companheirismo, o carinho, as brigas, o amor..
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