Medo
Hoje foi um dia que enfrentei um medo.
Meu medo do abandono.
Fui numa Casa Abrigo de crianças para iniciar um trabalho de ajuda e acolhida. Tinha muito receio de dar esse passo. Há tempos queria fazer tal coisa, mas não me sentia nunca preparada para tal. Hoje, fui achando que estava, mas as surpresas foram muitas, a maioria para sentir uma gratidão que nunca senti dantes e um misto de possibilidade e impotência, mas que me impulsionava a mudar. Era tudo o que sabia.
Assim que cheguei, antes de falar com a supervisora, uma criança, dessas curiosas, cheias de perguntas e quem sabe um pouquinho de amor doido pra dividir, pergunta quem sou eu e o que eu estou fazendo ali. Daí, ainda como quem fica de rabo de olho na dúvida, perguntou. Respondi. Ela soltou um "ah tá" e saiu. Fui conversar com a supervisora, saber um pouco do lugar, das necessidades e depois de um tempo, a mesma criança, voltou e nos trouxe um chocolate "oh a tia mandou eu dividir, aí eu trouxe". Segurei as lágrimas. O que tava estabelecido ali era uma vontade imensa de contato, de contar de si. Depois, fazendo a visita da casa, encontro com ele novamente, descubro que gosta de ler muito e desenhar, diz que depois me mostraria um de seus desenhos. A cabeça meio baixa, olhando de canto de olho, parecia que ia se calar, mas continuava a conversa tímida. Depois continuei vendo as acomodações de todos, perguntei mais um pouco sobre necessidades básicas, na correria da hora do almoço não achei mais ninguém e saí.
Já dentro do carro, lembrei que saí sem me despedir. Liguei novamente, falei com a supervisora e disse "Desculpas, sou eu, é que saí sem me despedir das crianças. Você poderia pedir desculpas por mim e dizer que logo volto e quero ver os desenhos dele sim." Ela riu ao telefone, disse um "tudo bem." Desliguei, o coração entre aflito e feliz.
Vou voltar e é logo. Vou voltar não só porque alguém um dia foi por mim, mas porque finalmente me dei conta de que eu sou por mim e agora eu tenho de fazer o que me faz feliz, mesmo na angústia. Fazer aquilo que acredito ser o melhor. Posso ir errando, mas perco o medo quando avanço, quando supero e não quero mais medo. Quero me desamedrontar, arriscar viver indeed!
Meu medo do abandono.
Fui numa Casa Abrigo de crianças para iniciar um trabalho de ajuda e acolhida. Tinha muito receio de dar esse passo. Há tempos queria fazer tal coisa, mas não me sentia nunca preparada para tal. Hoje, fui achando que estava, mas as surpresas foram muitas, a maioria para sentir uma gratidão que nunca senti dantes e um misto de possibilidade e impotência, mas que me impulsionava a mudar. Era tudo o que sabia.
Assim que cheguei, antes de falar com a supervisora, uma criança, dessas curiosas, cheias de perguntas e quem sabe um pouquinho de amor doido pra dividir, pergunta quem sou eu e o que eu estou fazendo ali. Daí, ainda como quem fica de rabo de olho na dúvida, perguntou. Respondi. Ela soltou um "ah tá" e saiu. Fui conversar com a supervisora, saber um pouco do lugar, das necessidades e depois de um tempo, a mesma criança, voltou e nos trouxe um chocolate "oh a tia mandou eu dividir, aí eu trouxe". Segurei as lágrimas. O que tava estabelecido ali era uma vontade imensa de contato, de contar de si. Depois, fazendo a visita da casa, encontro com ele novamente, descubro que gosta de ler muito e desenhar, diz que depois me mostraria um de seus desenhos. A cabeça meio baixa, olhando de canto de olho, parecia que ia se calar, mas continuava a conversa tímida. Depois continuei vendo as acomodações de todos, perguntei mais um pouco sobre necessidades básicas, na correria da hora do almoço não achei mais ninguém e saí.
Já dentro do carro, lembrei que saí sem me despedir. Liguei novamente, falei com a supervisora e disse "Desculpas, sou eu, é que saí sem me despedir das crianças. Você poderia pedir desculpas por mim e dizer que logo volto e quero ver os desenhos dele sim." Ela riu ao telefone, disse um "tudo bem." Desliguei, o coração entre aflito e feliz.
Vou voltar e é logo. Vou voltar não só porque alguém um dia foi por mim, mas porque finalmente me dei conta de que eu sou por mim e agora eu tenho de fazer o que me faz feliz, mesmo na angústia. Fazer aquilo que acredito ser o melhor. Posso ir errando, mas perco o medo quando avanço, quando supero e não quero mais medo. Quero me desamedrontar, arriscar viver indeed!
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