Empoderamento hoje e sempre





Só se sabe a importância dessa luta quem já sofreu calada. Passei três anos da minha vida achando que estava abalando, amando alguém e criando futuros (im)possíveis ao lado desse 'amor'. Desde o início sofri só pra mim: "não, não podemos ir a público"; "não, não posso namorar você, não estou pronto pra isso"; "pronto, agora quero namorar você, mas não vou apresentá-la a ninguém"; "não, não quero fotos no facebook, muito menos qualquer prova de que estamos juntos"; "ou é assim ou fim". E por três anos aceitei calada tudo isso, aceitei, por achar que aceitando o teria para mim. "Tadinha de mim", sim, eu tenho culpa, uma tão grande culpa de não me amar o suficiente para ter aceitado tudo, por tanto tempo tão omissa do quanto aquilo me feria e, às vezes, ainda fere, na lembrança.

Estamos tão acostumadas a um mundo onde a mulher ocupa o papel secundário e assim o era, eu ficava sombra do seu trabalho, eu precisava aprender português melhor, eu não sabia escrever, eu não sabia de mim e ele me carregava na dúvida, me impulsionava a permanecer frustada naquilo que disse infinitas vezes "não é isso que quero para mim". Não, ele é o de menos na história, a grande questão aqui foi o tanto de humilhação que me submeti e ainda me submeto, como vivenciar tanta falsidade e sair de certos espaços ainda pensativa e chorosa. Caras como ele existem e continuarão a existir. Pensando por outro lado é maravilhoso que tenhamos chegado ao fim, era esperado, nunca houve amor recíproco, nem respeito aos sonhos do outro, nunca houve apresentações e poucos sabem que tivemos uma história, às vezes eu mesma penso que não existiu. Era sempre falando tanto mal dos 'amigos', mas quando na presença, sempre houveram sorrisos, abraços e fotos.

Lembro da vez que voltamos, porque claro ele queria, todas as outras que partiram de mim foram rapidamente jogadas fora. Então, nesse dia me repetiu diversas vezes que tinha saudades, que a lembrança de mim era constante mesmo com a outra, que pensava e imaginava a mim estando com ela. E acreditei, sorri e feliz abracei aquela máxima! Penso hoje o quanto isso deve ter se repetido num novo discurso para outrem. Penso no quão frágil eu me sentia e me colocava nessa posição de eterna espera de nada. Penso que fui condicionada a acreditar que o que merecia era aquilo, o mínimo do mínimo e era pra ser feliz, sem reclamar. E se acabasse... "Ah Sabrina, tudo acaba, eu sempre soube que não duraríamos." E fim.

E se chorei ou se sofri não importa, "Você ainda não entendeu? não é sobre você. Nunca sobre você, mas sobre mim." Lembro-me do dia em que triste dizia ter uma sina para me aproximar de pessoas difíceis, depressivas e pesadas de espírito e mais uma vez secamente ouvi "é, eu sou assim, você já sabe." Eu sempre insisti numa história furada, desde o início estava claro que nunca iria ser protagonista dessa história, mas hoje quando acordo dos pesadelos de uma madrugada, me percebo finalmente livre do fantasma do falso amor que me acometia. O que eu tinha era medo de ficar só, o que eu fiz foi insistir em alguém que tinha tudo que eu desejava, mas que nunca me desejou. O que eu quero para mim agora é respirar enfim e me dar conta da mulher maravilhosa que sou, do quanto eu mereço ser feliz a plenos pulmões com capacidade cheia pra sorrir.

Se eu ainda choro? Claro. Muito mais por mim mesma, pelas escolhas que fiz e pelas oportunidades que perdi e ainda perco. Muito menos por me vitimizar, como antes, quando o demonizei e só queria o seu mal. Hoje, quero o apaixonamento de mundo por mim novamente e a alegria de contar essa história com olhos cheios de lágrimas, mas um sorriso no rosto. Poderia não pensar nada disso dele, mas as atitudes durante todo o tempo e até o fim, até quando achei que não queria mais viver pra sentir isso novamente, sua atitude de desprezo diante dessa minha vida me mostrou que nem sempre cruzamos nosso caminho com quem nos traz alegria, mas toda a experiência de vida pode nos levar a determinadas decisões. E eu resolvi jamais perder a ternura.
Nesse dia, me empodero e talvez o lado bom dessa história é hoje caminhar junto com outras irmãs que já sofreram caladas achando que mereciam ser chamadas de putas, que mereciam aquele não-amor. Primeiro amor à mim, depois amor pro mundo.




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