Morena dos olhos d´água

A dor dos olhos. Hoje fui elogiada mais de uma vez pelo brilho dos meus olhos. Ninguém sabia, mas as lágrimas contidas abrilhantavam minha dor e refletiam beleza. Há muito me dei conta do quanto fui descartável nesses últimos três anos numa relação sem fim. Mas sabe quando a gente dá de frente com a certeza da desimportância? Por muito tempo fiquei calada para não magoar outrem. Me impedi de dizer felicidade, porque outra estaria infeliz. Mas eu sempre me tornava infeliz assim, meu sentimento não importava, ele nunca importou.

Saber que alguém que se amou, se beijou, se entregou, não está nem aí pra você, pra lhe ferir, magoar é de uma dor tamanha que só hoje vi o quanto ela se agravou. Não, passar por isso não é fácil, mas necessário. Se a luz dos meus olhos tanto encantou, porque que a mim ela só traz lágrimas?

De uma abraço sincero, sem rancor, ou loucura alheia, percebi que meu lugar é dentre os que amam e sinceramente vivem esse amor, mesmo que dele nasçam tantas ervas daninhas. Nunca imaginei reatar algo que nunca foi. E por três anos não fui amada, sequer querida, não tinha porque dizer aos outros que estava feliz, só eu vivia aquela ilusão. Sim, ilusão, nem um oi, nem um como está, nem mesmo a procura, que por outros sempre houve. Não há sentimento bom que sobreviveu, não há sentimento real para a história vivida. E eu, iludida de pensar que talvez, quem sabe, um dia...

Sempre soube do meu lugar, nunca aceitei e insisti no vazio. Tive sonhos de ser real, mas nunca passou de um passeio. Nunca foi companheiro, nunca foi amigo, nunca foi.
E hoje, no brilho dos olhos cheios de lágrimas contidas tive a certeza do lugar zero que tive em sua vida. Do lugar zero que fiz minha vida, da desesperança contida no sonhar sozinho.


Se ainda assim tenho os olhos mais bonitos, é porque quem sabe talvez eu tenha entendido ter chegado a hora de não querer entender.

Comentários

Postagens mais visitadas