Ia fazer uma crônica, só saiu devaneios... (Feliz dois mil e kiss)




Mais um ano iniciado. As promessas, a alegria, a sensação de novas oportunidades. Para alguns, mera balela, para outros, o fio tênue necessário para continuar respirando. Vejo a mudança de ano como algo extremamente necessário, vou ponderando diversas questões que foram chave ao longo do ano, desde o início de dezembro. Dezembro, um mês especialmente carinhoso para mim. Todas as dores somem quando ele chega e mesmo que elas se apresentem durante sua presença, é o único momento em que consigo ver diferente minha dor, em que consigo ativar um otimismo, uma talvez fé, ou simplesmente algo em mim que ainda teima em acreditar e continuar no mundo.

Esse dezembro foi particularmente difícil e ao mesmo tempo trouxe, talvez por isso mesmo, uma vontade maior de viver e uma força fora do meu imaginável. Foi a primeira virada de ano que passei na melhor companhia que poderia ter, mas que sempre me causou extremo medo. Eu mesma.
Aconteceu no exato momento, no exato instante, foi o encontro necessário. E foi assim, que meu ano teve início e que belo início.

Depois fui alegremente levada para juntos de amigos, novos e bons amigos que celebraram, dançaram e beberam junto comigo. Amanheci na praia, pulei as ondas, vi o mar, vi a vida de novo.

Ouvi sobre as cartas. Era curiosa para ouvir delas algo e me surpreendi com estarmos em sintonia. "Elas estão muito turvas, está ainda complicado, mas é possível ver que há um problema e só quem pode resolver é você. Veja os fatos, o que há de concreto e não se perca em sonhos, você sabe de si.", disse a moça que as tirava. Eu sorri. Concordei, Discordei. Achei incrível não me deixar levar, na verdade, as próprias cartas teimavam e repetiam a todo momento "vai, a vida tá aberta. é você quem sabe de si. o que quer pra si." No fim, vi o velho rei, impenetrável em seu castelo, em seu ego, vi a mulher sábia, que precisa ponderar e a sonhadora, que por um descuido poderia até enlouquecer. Não lembro mais de muita coisa, mas sei que foi interessante. Tinha medo e, ao fim, não havia nada o que temer. Esse medo era de mim mesma e eu tô começando a gostar mais dessa carcaça aqui.

Ia fazer uma crônica, só saiu devaneios... mas afinal, ainda é disso que sou, quem sabe a carta da justiça me coloque mais firme em mim novamente. Talvez consiga (e deva) virar a lente e desembaralhar a vida.

Foi uma feliz virada de ano. Um delicioso recomeço. É um ano que definitivamente promete mais leveza, risos e amor. No fim, os começos são sobre isso mesmo.

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