Ser ou não ser mãe aos 25?



Uma entrevista de emprego me fez recordar motivos deu não me ver como mãe, ou pelo menos, não assumir tão cedo essa posição em minha vida. Pode parecer estranho que uma entrevista suscite tal pensamento, mas começou a ficar estranho quando declaradamente estávamos falando de família, princípios morais antigos e etc. Só não achei que iria acabar com a famigerada pergunta "Quantos anos você tem mesmo, Sabrina? E é casada? Tem filhos? Ok, obrigada."

Eu, como boa atriz que sou, respondi tudo direitinho "25.Não, ainda não!Também não." Tirei um sorriso da cara e saí já pensando "Preciso arranjar um emprego. E logo. E um emprego que não me massacre espiritualmente e pessoalmente assim. Não está fácil". E me pus a pensar o que faz alguém delimitar, querer impor preceitos pessoais, religiosos e morais no outro. Ok, na época de mamãe, 25 anos e solteira já era uma mulher velha, passada, mortinha - e quantas histórias me foram contadas assim.. Mas hoje, século XXI, mulher trabalhando, querendo uma vida outra, emponderada, cheia de oportunidades nesse mundo, não entendo ainda ter tanto caxias por aí.

Claro, quero me casar. E por casar entendo dividir um lar, responsabilidades, carinhos, amor, as chateações de quem vai comprar o pão ou lavar a louça, ah lavar a louça a dois é algo mágico, acho que é muito mais união do que escovar os dentes e nem menciono usar o banheiro de porta aberta, porque aí já vai pra outro nível. Porém, a gente pode casar com 25 ou com 50, vai saber, percebi que na vida a idade é o de menos. Muita gente não amadurece a possibilidade de uma vida a dois com 50 anos. A união, o companheirismo não é pra todos e tem gente que prefere ficar só, usar e abusar do outro, ter infinitos casos, acabá-los e viver a vida assim, a mercê do amor alheio sem nunca se implicar.

E os filhos? Bem, eu já quis ter filhos, na verdade queria gêmeas ou gêmeos, acho menino um troço muito mais descolado, cai e se quebra e faz é rir, menina já é mais delicadinha, tem todo um amor e cena com o pai, às vezes bate uma preguiça, mas talvez por eu mesma ser mulher e saber desses sofrimentos externos, como por exemplo, perguntas tão invasivas numa suposta entrevista de emprego.
Pois bem, tive minha época de sonhar com as gêmeas/os gêmeos, que depois me dei conta que era para suprir uma questão identitária própria. Gêmeos são "iguais", se vestem iguais, um sente a dor do outro, tem toda uma ligação, ao fim, eles nunca seriam sozinhos, sempre teriam um ao outro. Claro, uma balela, história bonita e romântica, mas a vida é muito mais que ter uma ligação dessas, são escolhas. Era toda uma fantasia que me rondava por não ter tido isso, por me questionar bastante de que lugar havia vindo.

Com o tempo, tomei consciência de que filho não deve vir pra suprir uma falta ou mascarar um problema, seja um casamento falido, ou um golpe pra casar, seja porque não há mais nada a sonhar na vida e a criança vira essa fonte de energia vital. Ter um filho pressupõe tanto sacrifício, tanto amor gratuito, tanta festa interna que quando vem agrega mais  e mais e une realmente, mas não gera milagre em vasos quebrados. Conheço muita relação que "se sustentou" ainda um segundo tempo do jogo até os pênaltis, mas ao fim, acabou a partida, e assim não teve mais casamento, pais de um lado, os filhos do outro, visitas esporádicas, um riso frouxo. Ou até casamentos que continuaram, mas um mal fala com o outro dentro de casa, os filhos sabem e esse tipo de união também não constitui algo muito saudável ou feliz.

Cada um vai traçando um caminho, o meu foi de escolher ter uma vida para mim até poder dividi-la com alguém que deseje verdadeiramente, sem medo e impasses e que aceite que sou uma mulher, mas posso muito bem não desejar ser mãe. São posições diferentes de vida e mundo, são escolhas feitas durante a caminhada. Voltei pra casa sem o emprego, mas cada vez mais feliz  e confiante com essas descobertas de mim no dia a dia. Com essa vontade de viver, colocando mais um tijolinho amarelo nessa estrada.

Então, não, seu moço. Não sou casada, tenho só 25 anos! Não, não tenho filhos, eles não mereciam uma mãe como eu nessa fase da vida. Mas ei, tô ótima e gata e afim de pular esse carnaval da vida. É, vamos deixar pra próxima!! Quando tiver com a data marcada te chamo pra festa, mas espera sentado tá!

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